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Neiva Alves Ribeiro

Psicóloga Clínica Especialista Em Teoria Cognitivo Comportamental

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O QUE ENVOLVE UMA AVALIAÇÃO
Gosto pessoalmente dos significados das coisas e, neste contexto, temos que: avaliação é determinar a valia ou o valor de, apreciar o merecimento, reconhecer a força de, fazer ideia e por aí vamos. Ora, se tudo isto é o conceito de avaliação, como se sente alguém que, depois de se preparar teórica e psiquicamente, é reprovado?

INTRODUÇÃO

Gosto pessoalmente dos significados das coisas e, neste contexto, temos que: avaliação é determinar a valia ou o valor de, apreciar o merecimento, reconhecer a força de, fazer ideia e por aí vamos.

Ora, se tudo isto é o conceito de avaliação, como se sente alguém que, depois de se preparar teórica e psiquicamente, é reprovado?

Que coisas aconteceram e qual foi o processo que determinou este resultado?

Este indivíduo, sem dúvida, está dentro de um momento de muita dor. Às vezes, se pode ouvir. “Mas eu conheço o teu trabalho, sei da tua capacidade”.

Então vejamos, que contraditória esta colocação parece ser, na medida que o trabalho desta pessoa é reconhecido e ela é considerada, naquele momento, incapacitada para atingir a meta desejada. Algo nesta questão não faz sentido, algo parece estar fora do lugar.

Mas quem está fora do lugar: avaliações, avaliador e/ou avaliado?

O resultado negativo, ou a palavra, “REPROVADO” é muito doloroso, principalmente quando o indivíduo se ocupou de seu preparo intensamente.

Sente-se esta pessoa como se o mundo caísse, um mundo de sonhos, projetos e realidades e também de suas necessidades emocionais.

Por quê? Talvez seja esta a pergunta que o avaliado se faça, com intensa força, diante da sua reprovação. Por outro lado, em se tratando de um indivíduo que conhece suas questões de natureza interna, principalmente suas memórias reforçadoras, este processo é mais violento, suscitando, com certeza, outros processos.

Sentimentos, crenças, memórias, injunções, sabemos que podem aflorar com intensidade diante de situações estressantes, mesmo naqueles que estão com seus trabalhos terapêuticos findos.

Pois bem, se tudo isto é verdadeiro, uma avaliação num momento de estresse pode avaliar alguém?

O que precisa ser provado pelo indivíduo na avaliação é seu conhecimento teórico e se ele é capaz de lidar com tudo isto. Porém, diante do contexto sentido como opressor, sabemos que a famosa palavra “BRANCO” poderá surgir com toda sua imponência na cabeça do avaliado. Todos sabemos disto. Mas, mesmo assim, se insiste que um momento regressivo seja o determinante do resultado que compõe a palavra “REPROVADO”.

E sai este indivíduo dali, sentindo-se como incapaz para lidar com os conceitos. Não merecedor do título, muitas vezes até questionando seu desempenho profissional.

O resultado da reprovação vai exigir força e firmeza do examinado, para que possa buscar sua maestria interior, para reportar-se a pessoas e coisas que lhe convidem a sentir-se mais confortável com a sensação vivida.

Sabemos que as avaliações são provas, e apenas isto, ou seja, não destroem ninguém. Porém, estas questões pertencem ao mundo da razão e fazem parte desta última e, por mais contraditório que seja, avaliações estão recheadas de expectativas e sonhos daquele pequeno ser que ainda nos habita as entranhas, fazendo parte das preciosidades da nossa psique.

O presente trabalho tem por objetivo colocar como é sentido o momento da não aceitação do avaliado pelo avaliador.

E caminhar também, por outras expectativas, que se pretende sejam abordadas no presente.

AS QUESTÕES REGRESSIVAS DO CONTEÚDO EMOCIONAL

Sem dúvida, uma reprovação exige do examinado uma profunda reflexão acerca de sua atuação teórica e emocional.

Não existem culpados diante do triste resultado e sim, a necessidade de se fazer uma apuração do que acontece com esta pessoa, em momentos onde é avaliado e também do contexto que o avalia.

É importante que o examinado tenha claro como foi o seu preparo teórico, do que lançou mão para cercar-se da teoria de forma eficaz, que pessoas ele candidato, escolheu para ajudá-lo na compreensão dos conteúdos exigidos pelo programa.

Esta consciência é vital, na medida que pode esclarecer as primeiras indagações que ele, candidato, estará se fazendo.

Quando o examinado assimila valores que reforçam a importância da aquisição do saber, desenvolve-se concomitantemente seu interesse em ter informações a respeito de seu êxito. Isso supõe que a avaliação do processo pedagógico incluí, como um de seus elementos mais decisivos, a auto avaliação do examinado. A auto avaliação na verdade, é que sintetiza o estágio de desenvolvimento da autonomia pelo próprio indivíduo. Educar-se é tornar-se autônomo, condutor do próprio destino, fazendo uso dos bens culturais de que se necessita para constituir-se como sujeito. E é como sujeito que o indivíduo faz isso, avaliando permanentemente as dimensões dos erros e acertos que comete e das dificuldades que enfrenta para subjetivamente, como autor, levá-los em conta em seu desenvolvimento (PARO, 2006, p.45).

Feito isto, é importante verificar suas emoções e como esta última pode interferir no resultado.

Sabe-se que alguém submetido a um longo período de preparação e estudo está debilitado e até estressado. O estresse pode se apresentar como irritabilidade, o comer excessivo, o nada comer, ou em tantos casos, doenças somáticas ou mesmo gripes e resfriados.

Todos estes processos irão causar seus prejuízos naquele que está se apresentando com o objetivo de conseguir sua aprovação.

Mas, talvez o maior dano seja o causado pela emoção. Esta última será capaz de fazer a memória esvaziar-se dos conhecidos conceitos e pode, então, o avaliado, mostrar-se como alguém que nada sabe, ou até apresentar comportamentos que dão a ideia de que ele está desinteressado pelo que está acontecendo naquele momento.

Fuga, medo, pânico, lembranças de uma infância, retrocessos psíquicos a lugares considerados como seguros, fantasias consigo mesmo, ou com a figura do avaliador, ideias de não merecimento, enfim, uma gama de possibilidades e questões que podem aflorar em qualquer pessoa que esteja em situação de avaliação.

Tudo isto leva o nome de patologia; sim, teoricamente parece ser uma boa explicação. Ao mesmo tempo, esta explicação suscita uma pergunta. Então é aprovado o NORMAL? Isto dá lugar a outra pergunta. O que é NORMALIDADE?

[...] foi numa sessão de ioga que descobri a relatividade do conceito de normalidade. Vou contar esse fato, pois é muito ilustrativo. Todas as quartas-feiras à noite, nosso grupo reunia-se e o professor nos fazia relaxar por meio de música e meditação. Depois, cada um relatava a sua experiência. Um dizia: “Eu vi um ser”. Outro. “Eu vi cores”. Outro ainda: “Eu vi formas”. Outro mais: “Eu tive uma inspiração maravilhosa”. E, quando chegou minha vez eu disse: Gente! Eu estou tapado. Não estou vendo nada”! Transcorreu um ano, ao longo do qual continuei a participar do grupo. Foi então que comecei a observar a relatividade do conceito de normalidade nesse grupo, todo o mundo tinha visões, e eu não. Então, o grupo era normal, e eu anormal. Lá fora, entre os dois milhões de habitantes de Belo Horizonte, quase ninguém tinha visões. Então, eu era normal, e o grupo anormal. Foi quando comecei a cogitar sobre a relatividade do conceito de normalidade (WEIL, 2003, p. 17).

A citação bibliográfica pode nos fazer pensar em alguém que sofre por repressão; também pode levar a um diagnóstico de PASSIVO AGRESSIVO e podemos lançar mão de todos os rótulos que couberem na referida situação. Todos serão oportunos. Ainda, para concluir este raciocínio, podemos pensar que Weil tinha dificuldades com figuras de autoridade e que, diante delas, ele se calava, em pânico. Talvez por medo de não ser aceito por seu mestre, necessitando ser amado ou respeitado em sua forma de ser. Ou ainda, trazendo suas memórias arcaicas do conteúdo psíquico e vivendo-as aqui e agora como se verdades fossem.

Pois bem, isto é a patologia, mas também é um momento, em que pese todas as pessoas serem passíveis de entrar em patologias, sem exceções.

E, com o exposto, outra pergunta.

Se Weil estivesse fazendo sua avaliação para mestre em ioga, estaria ele reprovado? Seria mandado para tratamento psicoterápico? A assimilação dos conceitos teóricos teria que ser reavaliada. Ou questionaria seus mestres, supondo que estes não foram eficazes na transmissão dos conteúdos. Parece que muitos questionamentos estão adequados à situação descrita.

Mas e Weil, como deve lidar com toda a imensa gama de possibilidades abertas? Questionamentos parecem que não vão faltar, na medida que tudo é valido e tudo pode acontecer e não nos faz nem sadios nem loucos, nem imbecis, nem poderosos e nem gênios, apenas pessoas humanas, capazes de ter momentos de saúde e patologia e sermos como somos.

O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES

A instituição acolhe seus membros, tanto mestres quanto alunos. Pessoas que falam a mesma linguagem e tem por objetivo fazer crescer cada vez mais o lugar onde acreditamos que outras pessoas poderão sentir-se bem.

É importante acreditar e ter fé naquilo que se faz. E aqui uma ressalva, não me refiro à fé religiosa e, sim à confiança, à firmeza com que realizo e executo tudo aquilo que me comprometo a fazer.

A instituição é o lugar onde seus associados se encontram e escutam-se, com o objetivo de crescer, trocar e respeitarem-se mutuamente.

Quando isto não acontece, seus membros, ao invés de ouvirem-se, abrem longos questionamentos e discussões, onde o que parece importar é um único ponto de vista e não mais o respeito e consideração pela verdade de cada um.

A necessidade de “estar certo”, independente da questão em causa, é fonte de muitos jogos de poder e é o melhor exemplo da escassez artificial, uma vez que ninguém está, na realidade, completamente certo ou errado. Todos estão certos e todos estão errados e qualquer ponto de vista que poderá estar parcialmente correto ou incorreto, aqui e agora tem probabilidade de ser considerado menor (ou mais) correto em outro momento (STEINER, 1984, p. 71).

Neste contexto, tanto a instituição quanto os seus membros estarão em escassez. E esta última, sabe-se que é nefasta para as relações, para as avaliações e crescimento daquilo que a instituição tem por meta a curto e longo prazo.

Penso que a instituição tem papel importante nas avaliações de seus alunos. Deverá ela, instituição, oferecer um ambiente tranquilo para a realização do trabalho, bem como ter, entre o grupo que a compõe, membros que estejam em harmonia uns com os outros, tendo por objetivo que o avaliado sinta-se bem diante de qualquer um que componha o grupo institucional.

[...] um terceiro tipo de ameaça surge dos conflitos entre os membros individuais ou categoria de membros que não envolvem diretamente a liderança. Tal intriga interfere no trabalho ordenado e, se continuar desapercebida, poderá desorganizar o grupo como um todo (BERNE, 1963, p. 81).

É importante à saúde grupal e de seus membros. Quando, na instituição, os jogos de poder, através de transações ulteriores, tomam o lugar da comunicação que levaria ao crescimento, está na hora de, quem sabe, pararmos para reavaliar as relações e o trabalho que seus membros estão se propondo a fazer.

O instrumento fundamental do controle é o jogo de poder. Jogos de poder são aquelas manobras que utilizamos para conseguir, uns dos outros, o que desejamos, utilizamos os jogos de poder em vez de pedir o que queremos, por não acreditar que uma abordagem direta traria os resultados esperados (STEINER, 1984, p. 69).

E o avaliado, diante de uma instituição que está se mantendo num quadro, onde seus membros se sentem poderosos, terá ele espaço e coragem para mostrar-se?

Estas questões são complexas e percebidas no campo da subjetividade, muitas vezes, determinando momentos e comportamentos.

Jogo de poder, para ter sucesso, tem que aproveitar-s

e das fraquezas dos outros, o fato do outro ser menor, mais fraco, menos rápido ou, de alguma forma, fisicamente incapaz de resistir ao uso bruto da força. A maioria dos jogos de poder que discutirei aqui aproveita-se das fraquezas psicológicas dos indivíduos (STEINER, 1984, p. 74).

GRANDES PENSADORES

É interessante conhecer a vida de nossos mestres, como se posicionaram na jornada teórica, pessoal, amorosa, ou mesmo, como lidaram com aquilo que um dia almejaram e, por algum motivo, não conseguiram.

Inspirar-se na vida daquele que nos antecedeu diz bastante da admiração e reconhecimento que o indivíduo tem por determinada teoria, ou o que for.

Reporto-me, no presente, a Eric Berne, o criador da Análise Transacional, cuja vida e obra mostra um senso muito grande de observação e intuição.

Quando se tem acesso a sua biografia, parece que, desde menino, ele observava e classificava, do seu jeito, é claro, tudo que o ambiente podia lhe mostrar. Refiro-me ao quanto ele, menino, observou e gravou, nos recônditos da mente, o sub mundo onde viveu parte da infância, aproveitando este cenário para, mais tarde, servir de palco para alguns conceitos teóricos de sua obra. Saliento especificamente o valiosíssimo legado que Berne nos deixou sobre o tema jogos.

Gosto particularmente das contribuições e descrições de Steiner acerca de Berne, o descrevendo tímido, interessado no mundo infantil, mas, principalmente, devotado ao fato de descortinar a alma humana para trazer cura a todo aquele que consentisse em ser curado.

Esta história é a vida de um homem que abre os olhos para o mundo, num contexto pobre e difícil e vai buscar as oportunidades para crescer e melhorar-se como pessoa.

Admiro Berne, quando da citação de seu trabalho terapêutico com Eric Eriksom; este lhe pede que adie seu casamento com a jovem Doroty, ao que Berne aceita e, sem duvida, esta decisão tinha uma causa maior, que era o título de Psicanalista.

Porém, esta mesma força, garra, coragem o impulsiona a escrever sua própria teoria quando é impedido de conseguir a tão sonhada titulação.

[...] Berne tinha feito dois anos de análise didática com Federn e dois outros com Erikson, o qual deu-a por encerrada. Havia dez anos já que Berne a reiniciara com Erikson e, ao todo, dedicara quinze anos à busca do título de psicanalista. Deve-se concluir, por conseguinte, que ele considerava esse título uma meta digna de ser alcançada. Em 1956, porém, quando acreditava que esse ambicionado alvo estivesse praticamente assegurado, sua candidatura para membro da Sociedade Psicanalítica foi recusada! A alegação foi que ele ainda não estava “pronto” e que, provavelmente com mais três ou quatro anos de análise pessoal e treinamento, poderia candidatar-se de novo (OLIVEIRA, 1980, p. 44, 45).

A mesma dedicação que o impulsiona para a psicanálise o remete para um outro rumo, ainda que, neste novo cenário, não tenha seus pares psicanalíticos, aqueles com quem havia contado até então.

Que digno, forte, mostrou-se quando transformou a derrota em um início, onde o foco era o mesmo. Ou seja, continuar estudando, amparando e descobrindo os mistérios da alma humana independente da linha teórica.

Incluo aqui outro grande pensador, criador da psicanálise, Freud, que ainda hoje é referenciado no mundo analítico e psicoterápico. Seu valor é imensurável, na medida que, com sua criação, outras linhas, as chamadas humanistas, dão prosseguimento ao trabalho de análise e psicoterapia.

Freud é reverenciado como pensador inusitado, irreverente e que perturbou com suas crenças e valores até a igreja.

Sua capacidade para compreender e expressar a patologia humana está contida em vinte e quatro volumes reconhecidos mundialmente.

E, mesmo com todo o aparato e contribuição dada ao mundo, o gênio sofreu abandonos: uns concordavam e outros, conscientes, ou não, temiam.

[...] em 1909 Freud e Yung foram convidados para visitar os EE.UU por G. Stanley Hall a fim de pronunciarem uma série de conferências sobre psicanálise na Universidade de Clark, Worcester, Mass. A partir daquela época, o interesse cresceu rapidamente na Europa; expressou-se contudo, numa rejeição muito enérgica dos novos ensinamentos – uma rejeição que muitas vezes revelou uma coloração não científica. As razões dessa hostilidade iriam ser encontradas, do ponto de vista médico, no fato de que a psicanálise dá ênfase a fatores psíquicos, e, do ponto de vista filosófico, na suposição do conceito da atividade mental inconsciente como sendo um postulado fundamental; mais forte foi, indubitavelmente, a indisposição geral da humanidade em conceder ao fator da sexualidade a importância que lhe é atribuída pela psicanálise (FREUD, 1925-1926, p. 308).

Não vamos questionar nem aplaudir Freud, mas, sim, lembrar que ele foi um grande e brilhante pensador. E isto não impediu que Adler, Yung, Berne e tantos outros tenham se afastado do gênio e criador da psicanálise.

Estes afastamentos, por certo, deixaram o gosto da despedida e, como talvez o próprio Freud dissesse, o luto foi inevitável.

Mas o gênio continuou, abraçando a causa e a luta por um espaço ainda maior, não se deixando derrotar por nada nem ninguém.

Freud sofreu muitas críticas quando, em seu trabalho, inseriu o uso da cocaína; esta medida veio a repercutir até em sua atuação como médico.

Quando Jones descreveu a primeira recomendação médica de cocaína na década de 1880, para o alívio de sintomas como a ansiedade e depressão, bem como para o combate à dependência à morfina, ele não minimizou a extensão do infeliz papel que Freud teve na popularização das propriedades positivas da cocaína antes que qualquer pessoa se desse conta do seu potencial de criar dependência. Freud, como Jones admitiu, tinha se tornado uma ameaça pública pela maneira como receitava a droga livremente. Esse incidente pode ter sido a primeira ocasião que a reputação médica de Freud em Viena foi abalada (ROAZEN, 1936, p. 29).

A psicanálise de Freud foi referida como a desbravadora, aquela que é inusitada e elogiada pelo legado deixado à humanidade.

Os relatos trazem momentos da história de grandes homens onde, nem sempre, foram acolhidos, bem vindos, compreendidos. E, mesmo assim, não se intimidaram frente às avaliações e juízos dirigidos a eles.

Foram testados, avaliados e nem por isto sucumbiram aos resultados onde algo lhes foi negado. Foram brilhantes guerreiros que souberam lutar por suas convicções.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Numa situação sofrida, temos dois caminhos: ou culpamos os outros pelo ocorrido, ou aproveitamos para refletir acerca do que aconteceu.

Este trabalho pretendeu ser exatamente isto, uma profunda reflexão do tema avaliações, o papel do avaliado, do avaliador e da instituição que é o cenário onde se desenrola o trabalho.

Podemos considerar o processo pedagógico como tendo adquirido o seu apogeu quando avaliamos a nós mesmos, apontando aquilo que foi possível aprender, fixar, ou mesmo, as lacunas do saber.

É também no momento da reprovação que o avaliado pode mostrar seu amadurecimento, não só diante da teoria, mas principalmente das questões emocionais, ou melhor, do conteúdo regressivo da psique.

Talvez a raiva, então, venha fantasiada de tristeza; sabemos que é assim naquele que, com certeza, precisa elaborar o luto.

É no luto, e somente nele, que as respostas eclodem em sua supremacia.

Mergulhar na morte do sonho, na morte do trabalho de preparação, na morte do tempo investido faz sair do outro lado. O lado da elaboração e do crescimento na vida, na visão da águia que tudo vê.

A vida é um pulsar de aspirações e, muitas vezes, é naquilo que não gostaríamos que acontecesse que estão nossos desafios.

Avaliar, reavaliar alunos, mestres, instituições, são desafios que podem acrescentar qualidade em tudo que nos propomos a fazer.

Reaviar, o crescimento está no próprio significado quando diz: fazer reentrar no caminho, reconduzir, guiar de novo, encaminhar, orientar-se de novo.

Ainda foi intenção, trazer a visão pedagógica e ilustrar a compreensão e expansão da consciência do avaliado e dos erros que comete.

Finalizando, trazer ao relato parte da história de grandes pensadores e como eles lidaram com o que poderia ser a derrota de suas buscas e aspirações, dando ênfase à beleza que estes homens deram aos contextos onde foram avaliados.

REFERÊNCIAS:

  • BERNE, Eric. Os jogos da Vida. Tradução de E. Artens. Rio de Janeiro: Arte Nova, 1977.
  • BERNE, Eric. M.D. Estrutura e Dinâmica das Organizações e dos Grupos. New York, l966.
  • FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume XX. Rio de Janeiro: Imago, 1925-1926.
  • OLIVEIRA, Marco Antônio G. Reflexões Sobre Eric Berne: um ensaio bibliográfico. Porto Alegre, 1980.
  • PARO, Vitor Henrique. Reprovação Escolar: renúncia à educação. 2. ed. São Paulo: Xamã, 2003.
  • ROAZEN, Paul. Como Freud Trabalhava: relatos inéditos de pacientes. São Paulo: Cia das Letras, 1936.
  • SALOMÉ, Jacques. A Coragem de Ser Você Mesmo. Campinas: Verus, 2004
  • STEINER, Claude M. O outro Lado do Poder. São Paulo: Nobel, 1984.
  • WEIL, Pierre; LELOUP, Jean-Yves; CREMA, Roberto. Normose: a patologia da normalidade. Campinas: Verus, 2003.

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