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Neiva Alves Ribeiro

Psicóloga Clínica Especialista Em Teoria Cognitivo Comportamental

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Transtornos Alimentares e os padrões exagerados de um corpo magro que dita a moda
Transtornos alimentares são patologias que envolvem vários fatores, sendo preocupação de um número grande de profissionais da área da saúde, que se debruçam sobre estes diagnósticos com o intuito de pesquisar e acrescentar mais dados os conteúdos literários atuais. Estes transtornos fazem parte da transmissão genética, cultural, má alimentação, dentre outros.

Transtornos alimentares são patologias que envolvem vários fatores, sendo preocupação de um número grande de profissionais da área da saúde, que se debruçam sobre estes diagnósticos com o intuito de pesquisar e acrescentar mais dados os conteúdos literários atuais. Estes transtornos fazem parte da transmissão genética, cultural, má alimentação, dentre outros. Estão presentes desde os primórdios da humanidade e fazem parte de rituais alimentares e principalmente da carência em satisfazer emoções que não são comtempladas pela consciência, ou simplesmente pelo desconhecimento do que necessitamos para preencher o vazio existencial, famoso por ter seu ápice ao entardecer.

O sentimento de vazio e a falta de sentido são conceitos que quando analisados a priori nos fazem entender um pouco mais sobre o vazio existencial. Sabe-se que cada um de nós possuí um objetivo a ser desempenhado ou vivido e quando isto não é claro, passamos a buscar incessantemente sem saber o que estamos procurando, ou mesmo sentindo.

Em que pese, o consumismo tem marcado pelo suposto preenchimento das necessidades, pois traz a sensação de alivio. Porém, na verdade, objetos, roupas, bijuterias que são compradas ou mesmo adquiridas, muitas vezes sem a necessidade da compra, mesmo que traga um bem estar imediato, jamais preencherão o vazio. Consumimos objetos e também comidas que em demasia e quando são ingeridas até o aparelho digestivo não aguentar mais, muitas vezes, revistando a geladeira, durante a noite, que deveria ser para dormir e não para comer, ficam a serviço do preenchimento do vazio interior.

A questão da comida é muito intrigante, ela está presente nos mais variados momentos, algumas culturas costumam ter comidas até mesmo nos funerais. Por outro lado, já no primeiro momento de vida a mãe oferece o seio à criança com o leite quente, isto grava em nossos registros uma mensagem que o alimento pode e vai aliviar qualquer desconforto.

Sendo assim, se explica parte da conflitiva que comer pode aliviar qualquer mal. Se o alimento aí está e faz bem para saúde estamos nutridos, bem alimentados, para superarmos várias doenças e nos tornarmos fortes, principalmente em relação as crianças. Ainda hoje lembramos a dupla de palhaços Patati Patatá, quando lançaram pela Som Livre o disco que foi certificado como disco diamante, onde as crianças escutavam: “Comer, comer é o melhor para poder crescer”.

Hipócrates (460-377 a.C.) médico grego considerado o pai da medicina, afirmava “Que teu remédio seja o teu alimento e que o teu alimento seja o teu remédio”. Hoje em dia este ensinamento é bem aceito no sentido de comermos de forma sadia, selecionando aquilo que faz bem à saúde e de preferência refutando os fast-foods ou comidas rápidas sem valor nutritivo. Mas vamos nos deter na mensagem e outra vez o alimento vem como remédio essencial, desta forma reforçando crenças sobre alimentação e sobre “o comer” para resolver todos os males, significando sobrevivência.

Atualmente é alto o número de jovens com transtornos alimentares por anorexia nervosa ou bulimia nervosa, tendo a maior incidência em adolescentes do sexo feminino, cuja imagem vem calcada e carregada pelo próprio padrão cultural. Porém, não são patologias do mundo moderno, elas são fartamente encontradas na história da cultura Romana que durante festividades, onde as orgias alimentares estavam presentes e os convidados comiam e bebiam tanto, que o comum era terem lugares específicos chamados “Vomitórios” onde esvaziavam o estomago, provocando o vômito, através de penas de aves passadas na garganta.

E desta forma certificamos que comer é bom e essencial para manter a vida, ao mesmo tempo tudo que é excessivo provoca damos a própria saúde. Como podemos então sair do dilema, se comer faz bem, porque não posso comer para aliviar meu sofrimento e aqui é importante salientar que quando tenho consciência da importância do alimento não vou usá-lo de forma desregrada a ponto de me provocar um dano, seria como usar um remédio em demasia, porque o mesmo tem gosto de chocolate, o resultado será danoso à saúde, pois ao invés de nos curar, provocaríamos um mal ainda maior ao organismo.

Se por um lado, comer em excesso faz mal, não comer também provoca danos à saúde e salientamos aqui os padrões não só da cultura, como da beleza, onde o ideal da magreza dita aos grandes costureiros, inspirações de roupas muito pequenas que obviamente só servirão em mulheres magérrimas que desfilam garbosas suas silhuetas esquálidas, com rostos muitas vezes desfigurados, plantados, em seus corpos esqueléticos.

Se os sentimentos com os quais não sabemos lidar, provocam a suposta fome e fazem ingerir alimentos, o contrário também é verdadeiro, não comer em busca da satisfação imediata, que irá “preencher vazios” e sendo portal para pertencer a um grupo, um ideal de beleza fantasioso, que traz espaço para ser inserida na moda, desfilando roupas desenhadas por profissionais famosos que lançam grandes grifes mantenedoras do status quo.

Tanto a moda como os padrões de beleza, sofrem modificações, ou seja variam ao longo das nossas vidas. Se lembrarmos nossas avós, visualizamos uma senhora elegantemente trajada, cujos joelhos eram muito bem tapados, por suas vestes. Já nossas mães primam por trajes mais arrojados, ostentam roupas de banho ousadas, se comparadas as nossas avós, e ainda saias justas com metade das coxas de fora. Já no contexto atual, nossas jovens usam no cotidiano um minúsculo shortinho acompanhado por roupas que lembram peças do guarda roupa prontas para serem jogadas foras.

Todo este padrão estético e corporal seguem hábitos e práticas alimentares, que determinarão seus resultados e o sacrifício, ou até a patologia dos seus seguidores. Desta forma a beleza, a cultura é determinada pela magreza e falta de curvas. Temos então a mulher que desponta magra, como alguém que é merecedora de elogios, olhares que cobiçam e consequentemente se conclui que possuem “sucesso” em tudo que fazem.

O dia a dia marcado por este modelo estético, que se faz definido de maneira forte, conduz ao sofrimento e patologias as mais variadas, a exemplo da anorexia, onde nos vemos gordos e no seu grau supremo da doença, distorcemos a imagem corporal, ou seja da magreza absoluta e doentia para uma imagem projetada no espelho, de alguém robusto, forte e excessivamente gordo.

A anorexia é marcada por um emagrecimento desmedido, em alguns casos necessitando internação e cuidados psiquiátricos, bem como o risco de vida é um fator iminente e que demanda cuidados e medicações em sua maioria. São casos difíceis de tratar, pois envolvem uma série de outras patologias que estão agregadas ao sintoma principal, ao mesmo tempo há uma distorção da imagem corporal, ou seja, a pessoa quanto mais emagrece mais desenvolve uma imagem distorcida, fora da realidade, ou seja, se enxerga com gordura excessiva em seu corpo e não raro lançando mão de dietas restritivas, com abuso de exercícios físicos e principalmente o uso de laxantes, diuréticos e o habito de vomitar para expulsar o pouco alimento que comeu, perdendo a noção do que é sadio e se entregando a doença e a patologia.

Desta forma há uma cultura que incentiva o padrão estético atual que dita as linhas alongadas e sem formas definidas. A globalização ajuda a disseminar este padrão e a editar a moda onde figurinistas, grande revistas, estão a serviço de ideias mirabolantes e preocupadas em atrair um público de mulheres desconsoladas que se debruçam com olhares curiosos e muitas vezes cheias de inveja dos corpos que estão fotografados e que não expressam o sentimento que está por trás do sacrifício de manter-se dentro de um perfil que tem como padrão estético de beleza a magreza excessiva.

Ao mesmo tempo este padrão exige o culto ao corpo e este comportamento distancia, mais ainda, do real sentido da vida. Cultuar um corpo magro, exige várias posturas, além de não comer adequadamente, muitas vezes joga para dentro das academias que nos tornam escravos das mesmas e de seus exercícios infindáveis. Não queremos aqui salientar que academias não são bem vindas em nossas vidas, ao contrário elas estão a serviço da saúde e do bem estar e são muito bem vindas. Nos referimos ao que popularmente chamamos de ratos de academia, onde as pessoas passam o dia todo se exercitando e buscando o aprimoramento do corpo perfeito e do sentido para suas existências, sem conseguir o propósito.

Ainda podemos verificar, as inúmeras fotos de celebridades, atrizes famosas que desfilam diante dos nossos olhos boquiabertos, com seus corpos ditos “esculturais” ao mesmo tempo mostrados e enaltecidos pela mídia. Corpos longilíneos que em sua maioria, estão fora, ou longe da realidade da maioria das mulheres e até mesmo de padrões pautados pela saúde que de dentro de um núcleo onipotente e perverso, definem o padrão corporal que invariavelmente terá seguidores e que não questionarão, tampouco respeitarão o biótipo de cada um. Desta forma é determinado o ideal cultural que o corpo deve ter, definindo de forma simplista como todos deverão ser. Não é necessário lembrar que toda aquele que não corresponder a este padrão, será marginalizado e dependendo da situação poderão até sofrer Bullying. No momento atual, se abomina a gordura, mulheres gordas, costumam ser vista como deselegantes e suas formas arredondadas e flácidas merecem reprovação.

São muitos os ganhos para manter todo este sacrifício, um deles é a admiração por um corpo que está dentro daquilo que a sociedade está dizendo que é belo, ser magra hoje é pertencer a um patamar social elogiável, é ganhar muito dinheiro, é desfilar para altas grifes, em suma ter muito poder, sendo ele o corpo, nestas situações, de um valor inestimável.

Nunca se falou tanto em cirurgias plásticas, chegamos ao ponto de termos clínicas especificas para a correção de qualquer coisa no corpo e estes locais chegam a parcelar o pagamento dos procedimentos estéticos em até dois anos, ou mais.

Em que pese, já ter morrido uma quantidade muito grande de mulheres por se submeterem a situações de total risco, se deixando levar pelo apelo a colocação do Botox ou mesmo aplicação do silicone e sem o cuidado de escolher um local com médico credenciado pelo sociedade de cirurgias plásticas. Acreditam as mesmas que os procedimentos podem ser realizados num fundo de quintal, ou mesmo com uma amiga que fez um cursinho e aprendeu “supostamente” a mexer com estes processos.

A vontade de ser bela e ter um corpo dentro dos padrões de beleza impostos pela sociedade fazem-nas esquecer que a sua vida é mais importante e que somente um hospital está aparelhado para qualquer situação nefasta que surja durante o procedimento. Em que pese qualquer cirurgia possuir riscos.

A TV exibe em sua programação, programas que estão voltados exclusivamente a cirurgias plásticas, nestes programas desfilam pessoas que acabaram sendo deformadas, transformadas e algumas mais se parecem a bonecas humanas. Se assistem relatos de apelos feitos nas consultas, com o desejo por ser igual a um artista famoso, nem que seja o nariz, outras ainda exigem, tirar costelas para terem uma cintura extremamente fina, ou ainda, operar o seio para inserir quantidades imensas de silicone e não raro, após a cirurgia, as cápsulas estourarem provocando inúmeros riscos à saúde.

O programa exibe cirurgias que foram realizadas de forma incorreta e que terminaram por provocar, deformações nos seios das mulheres, pela falta de habilidade dos profissionais realizadores do procedimento, ou mesmo, pela falta de aparelhos capazes de ressuscitar corpos desfalecidos e com resultados desastrosos, muitas vezes, já mutilados.

Porém o que está por traz da insatisfação com o corpo são transtornos alimentares, gordura, vazio existencial, apelo cultural? A dor por ser magra ou gorda, ou mesmo procurar ser igual ao outro sem verificar seu biotipo, sem observar características e sem avaliar que são imposições de uma sociedade que perdeu conceitos importantes a respeito do corpo, como a importância das características pessoais, ou mesmo a beleza individual de cada um, ou ainda a cultura midiática que impõe valores a sociedade, dogmas que possivelmente para serem seguidos terão que inviabilizar a saúde física e psíquica.

Todo o exposto faz parte de sofrimentos que não são novos. O homem sempre será dotado de características que lhe conferem a primazia de se questionar e achar respostas aos seus anseios e que quando não consegue faze-los, por julgar que não são importantes naquele momento, ou mesmo desconsiderar o que sente, o resultado será sua própria prisão psíquica, determinada por dúvidas e incoerências diante da vida, tornando-lhe frágil e dependente de conteúdos internos e externos e a mercê de apelos que se não forem corretamente avaliados, vão lhe conduzir à resultados pouco saudáveis e longe da saúde do corpo e do espírito.

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