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Neiva Alves Ribeiro

Psicóloga Clínica Especialista Em Teoria Cognitivo Comportamental

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INFODEMIA E A COVID-19
O tema infodemia refere-se a uma quantidade grande de informações, que via de regra, propagam-se através de fontes não confiáveis, como redes sociais e outras. Elas podem ser comparadas a ondas gigantescas que assolam as pessoas e por consequência a capacidade para distinguir, entre o falso e o verdadeiro.

O tema infodemia refere-se a uma quantidade grande de informações, que via de regra, propagam-se através de fontes não confiáveis, como redes sociais e outras. Elas podem ser comparadas a ondas gigantescas que assolam as pessoas e por consequência a capacidade para distinguir, entre o falso e o verdadeiro. Tem resultado negativo, pois comprometem e influenciam a capacidade de pensar, disseminam medo, pânico, ansiedade e obscurecem o julgamento que avalia os fatos adequadamente. Junta-se ao exposto, estarmos falando de uma doença grave, séria e que traz consequências devastadoras a todo aquele que tiver o infortúnio de se contaminar com a COVID-19. Ainda salientamos, que a doença se alastrou de forma a transformar-se em uma pandemia, que assola o mundo e traz consigo, morte, destruição, perdas e incertezas. Tudo é muito rápido, impreciso, invade lares e deixa um rastro de desolamento num curto período de tempo.

Desta forma o indivíduo em meio a tantas informações e boatos jogados sem nenhum critério de confiabilidade, deixa-se envolver pelo pavor, fazendo com que diminua seu juízo crítico e sinta-se impossibilitado para buscar informações verídicas e orientações confiáveis. A infodemia com seu excesso de informações desmedidas, assusta e paralisa, impedindo a busca por orientações pautadas na ciência ou numa fonte que permita ao ouvinte, leitor ou telespectador digerir a informação e apurar resultados verídicos. Não há tempo de processar e pensar, ocorrendo, então, uma distorção do pensamento e consequente, um emaranhado de sentimentos que alteram todo o emocional daquele que está ouvindo, lendo ou assistindo, uma vez que recebe uma carga maciça, “informante”, que passa a funcionar como desinformação e carregando consigo, alto grau de toxidade para quem dela fizer uso.

Encontramos neste momento um número expressivo de pessoas acometidas pela angustia, medo, pânico e ansiedade, deflagrados pela enxurrada de notícias alarmantes que produzem temor exagerado na população. Sabe-se que o medo avalia um perigo que é eminente e ameaça o bem estar, quando em doses normais este medo se torna salutar. Tomamos como exemplo o fato de não atravessar a rua com o semáforo vermelho, ou quando não nos expomos a um animal feroz porque temos medo, estas decisões protegem a vida. Desta forma, o medo sinaliza o perigo que faz com que tenhamos cuidados. Porém, se o medo está excessivo leva a quadros ansiogênicos, esta ansiedade se projeta por sobre situações que serão vindouras e passamos a projetar e fantasiar acontecimentos futuros, preocupações excessivas, persistentes, que estarão em nossas cabeças de forma alarmantes e causadas pela exposição a situações estressantes do exagero que é a infodêmia. Todo este contexto pode nos levar a um quadro de ansiedade generalizada, uma vez que, estamos expostos em demasia a situações e informações que causam um nível exagerado de estresse.  

É notório, notícias ligadas à saúde que falam sobre pandemia, a COVID 19 e principalmente as mortes provocadas pela doença, compulsivamente são repetidas durante o dia todo, desde o despertar até nosso adormecer, muitas vezes (fake news). As pessoas, brincam, dizendo que ninguém mais morre de outras doenças, apenas COVID, todos sabem que existe uma confusão entre o verdadeiro e o falso, mesmo assim, os sentimentos, se tornam frágeis diante do que é repetido de forma alarmante e que aciona mecanismos projetivos da nossa psique. Desta forma, há um adoecer e um afrouxamento no combate, inclusive ao vírus, pois se estamos ansiosos, ou em pânico, estaremos com nossos sistemas imunológicos suscetíveis ao vírus, bem como, a qualquer doença. Salientamos ainda, que as informações falsas, criam crenças no indivíduo que alteram o comportamento, a conduta e seus sentimentos. Estas alterações, não serão benéficas e podem modificar a forma de agir em relação a doença, podendo inclusive colaborar para que negue o vírus, quando contraído, ou ainda induzi-lo à tratamentos e “curas” que não estão ligadas a ciência, causando um prejuízo ainda maior. Perde-se o poder de processar adequadamente o conteúdo lido ou ouvido.

O tema saúde é altamente relevante, pois envolve a ideia de vida x morte e diante da possibilidade de perder a vida, nos tornamos presas fáceis para sentimentos nefastos sobre morte. Este cenário, pode juntar-se a questões já existentes em nossas psiques, onde está um núcleo, uma raiz que acredita em doença e infortúnios que, por sua vez, norteiam e determinam a maneira de viver com medo, com sobressaltos e “sem saída para o dilema”. Neste contexto a infodemia entra e toma conta, tornando-se soberana. Não estamos aqui minimizando a doença COVID e muito menos sua relevância com o alto grau, que se apresenta, de contaminação e infecção.

Ainda se sobrepõe as desinformações, as mais variadas notícias envolvendo política, onde partidos de direita ou de esquerda aproveitaram para politizar o vírus, cada um preconizando a sua ideologia, ou temas religiosos que sugerem proteção ao vírus, ou ainda nebulosas taxas estatísticas que apresentam alto grau de contaminação e morte. Sabe-se que as convicções, sejam elas, políticas ou religiosas, são difíceis de serem tratadas e ainda mais, diante de um quadro de risco a vida. Desta forma criando entraves para distinguir o falso do verdadeiro e gerando sentimentos de pânico e medo que impedem o indivíduo de pensar de uma forma centrada e adequada, para buscar fontes verídicas de informações que lhe permitam, ter seu próprio juízo de valor sobre o assunto. 

É importante salientar, o fato do cuidado com a doença, “o respeito por ela”, que é diferente de ter medo. Quando sentimos medo, possivelmente estamos coagidos e este irá se intensificar pelo fato de ameaçar a vida. Por outro lado, quando respeitamos algo, estamos admitindo sua existência, até podemos não concordar, mas não iremos bater de frente contra seus preceitos, que na doença do COVID-19, a mesma vem com um pedido imperioso que se torna medida preventiva, “o distanciamento social, a higienização das mãos, roupas, calçados e alimentos que provém de mercados e feiras livres”, estas medidas respeitam a doença, que é o contrário de ter medo dela.

Com tudo isto e apesar disto, se faz necessário o desenvolvimento de estratégias, por cada um de nós, no intuito de não sermos engolfados e expostos à infodemia. Torna-se necessário selecionar as notícias de rádio, tv, messenger, whatsapp e pensar no que vamos ouvir e até, se for o caso, desligarmos meios de comunicação que serve de espaço, muitas vezes, para fomentar notícias, cujo único interesse é vender suas projeções fantasiosas e maliciosas.

O momento pede o uso de leituras serenas, meditação, pintar, caminhar ao ar livre sem aglomerações e voltar-se para descobrir o que podemos fazer dentro das nossas casas, para torná-las espaços preparados ao bom viver. Se possível, usando alimentações simples e saudáveis, evitando o excesso de álcool, gorduras e sal em demasia. Toda vez que estamos diante de situações, “ditas ruins”, via de regra, elas trazem em seus conteúdos, ensinamentos que são vitais ao nosso crescimento emocional. É momento para avaliar e mudar comportamentos, afetos e tudo que impede que tenhamos assertividade na vida. Sem dúvida a pandemia nos faz pensar, sobre a pressa, o lucro desmedido, a falta de tempo para nós mesmos, família, amigos e o consumo exagerado. É momento para “ser”, contrário a “possuir e ter”. Em seu turbilhão, a pandemia nos oferece espaço para refletir sobre nossa forma de agir. Abre um intervalo em meio ao caos, para reflexão, com o objetivo de buscar a evolução e a cura dos nossos sofrimentos e relacionamentos que em sua matriz estavam desrruptivos. 

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