Desde o primeiro momento da vida somos marcados pela relação com o outro e este primeiro contato vai ser importante pois determinará a relação com a mãe e o vínculo que irá estabelecer-se entre a criança e a mãe. Esta primeira relação colabora de forma significativa para o desenvolvimento humano, caso contrário ficaríamos a mercê da própria sorte e não sobreviveríamos, sendo então a base para o desenvolvimento humano, o pilar que o sustenta.
O ser humano é um ser relacional, desta forma segue a vida em busca de relações que muitas vezes lhe frustram ou trazem alegria. Mesmo assim, estamos sempre em busca de estar com outras pessoas e, às vezes até copiando seus ensinamentos, ou forma de ver a vida.
Foi assim com nossos primeiros amigos onde queríamos o brinquedo, a roupa igual, ou mesmo a comida que na sua casa era servida e não raro ouvíamos, vem com as manias do fulaninho para casa, quando na verdade desde tenra idade já somos marcados por relações que determinam o nosso comportamento, ou mesmo o esboço do que será o estabelecimento das nossas relações no futuro com o outro, ou nós mesmos.
Ainda nossos avós, que nos presentearam com modelos de relações imprescindíveis e que marcaram de forma salutar nosso caráter e personalidade. Muitas vezes, adquirimos destas relações o gosto por determinados pratos, musicas, lugares que passam a ter um valor afetivo grande e que mesmo quando eles não estiverem mais aqui, ainda assim, nos encaminharemos para estas lembranças, as executando, como forma de estarmos com nossos queridos.
Nossos primeiros mestres também marcam relações profundas em nossa existência, somos capazes depois de muitos anos, lembrar o nome da primeira professora. Construímos com ela nossas primeiras relações e vínculos fora da casa dos nossos pais. Lembrar a paciência ou a falta desta última, marcou uma forma de relação que pode ter sido prazerosa ou não.
Todos estes vínculos positivos ou negativos, harmônicos ou conflituosos irão ser o suporte para manter e estabelecer interações necessárias a formação e ao desenvolvimento ao longo da vida das relações. Seguimos na estrada da vida sempre buscando parcerias, relações que nos sirvam de incentivo ou crescimento moral, social, intelectual, profissional, ou ainda nossas relações de par (coração).
Assim o ser humano é formado essencialmente por relações interpessoais que lhe marcam a existência e que irão colaborar não só no desenvolvimento individual como o intelectual, este último será responsável pelo desenvolvimento das relações sociais que irão marcar e determinar a constituição das sociedades e o intercâmbio entre indivíduos, grupos e instituições.
Salientamos ainda, a importância das relações intrapessoais, pois é ela que vai proporcionar ao indivíduo o conhecimento da sua própria vida e principalmente sobre a relação que estabelece consigo mesmo, ou ainda a forma que entende e orienta o próprio comportamento e suas emoções.
O conhecimento sobre si mesmo visa obter o controle sobre suas reações, não se tornando uma presa das emoções desenfreadas e decisões impulsivas que venham a resultar em situações desastrosas consigo mesmo e com o outro.
Quando nos conhecemos, temos mais confiança em nossas atitudes, surgem novas formas de pensar e agir, bem como, serenidade para lidar com o cotidiano. Nossas vidas tornam-se mais leves e nos tornamos os únicos responsáveis pelas nossas ações, temos o domínio dos nossos comportamentos, atitudes e pensamentos.
Se não temos a devida confiança em nossas atitudes, desistimos dos nossos sonhos, ou duvidamos que podemos conquistar algo, ou mesmo, quando nos deixamos levar por pensamentos derrotistas, crenças negativas que nos dizem que o pior vai acontecer, ou que nos desestimulam e empurram para o fracasso, deixando parecer uma autoestima baixa, erigida em tenra infância e que hoje colabora numa relação insuficiente conosco no intento de conseguir o sucesso pessoal e que torna-se uma briga interna entre o querer realizar e o acreditar que não somos capazes. O fator emocional e o conhecimento das questões psicológicas, tornam-se pontos relevantes para o equilíbrio das emoções.
Quando não estamos em equilíbrio com nossas emoções, projetamos no outro, inconscientemente, o que não podemos ver em nós mesmos, sempre que fazemos isto passamos por emoções de dor, raiva, ansiedade e depressão. Projetamos o que se torna insuportável para nós. No entanto para o sucesso da relação intrapessoal, muitas vezes, se faz necessário ajuda psicológica, que poderá orientar na aceitação, amorosidade, respeito e a crença que podemos fazer diferente de forma a alcançar novos pensamentos e ações positivas.
Relacionar-se bem consigo mesmo é também aceitar quando erramos, ou mesmo quando tudo parece desabar ao nosso redor, os resultados insatisfatórios também fazem parte da vida e precisam ser aceitos e elaborados. Quando estamos com uma saúde psíquica bem resolvida aceitamos a realidade e buscamos entender o que aconteceu para que o resultado do empreendimento seja diferente do que havíamos esperado. Entender as causas do naufrágio é motivo para crescimento e possíveis acertos no futuro.
Aceitar o que somos, mesmo que tudo esteja muito ruim é o início da construção de um equilíbrio entre o que podemos ser neste momento e aquilo que não estamos conseguindo, mas que estamos à espreita da melhora e abertos para o início de uma relação saudável e que nos permita um vínculo de amor por nós mesmos.
Aceitar críticas, reconhecer erros, refletir nas situações de conflito, insistir em ser empático, condescendente é uma forma de repensar e reconhecer as dificuldades, que sanadas levarão ao equilíbrio emocional. A coragem para este mergulho em nossas dificuldades, nos leva a vivências nas quais experimentamos o poder pessoal, ficamos mais assertivos e tudo ao nosso redor muda. Mas sabemos que este caminho é um processo e que não raro precisamos da ajuda especializada para desbravar nossos inconscientes, trazendo à tona questões que até então estavam “adormecidas” em nossos inconscientes. Tornar este processo consciente nos possibilita mudar comportamentos, pensamentos, crenças e estratégias.
Por outro lado temos a FÉ, quando acreditamos que algo existe além de nós mesmos e nos amparamos nestes dogmas, nos sentimos nutridos e com força para enfrentar o autoconhecimento. Sócrates importante filósofo já dizia: “Conhece-te a ti mesmo” O homem tem necessidade de saber quem é, e quando isto acontece, o sentido da vida lhe é descortinado.
Ainda sobre fé, ela é o alimento da alma o combustível que alicerça a convicção da existência das coisas, é ter o sentimento de crença em algo ou alguém. Quando nos amparamos nestas certezas, sentimos o amparo e a certeza de estarmos prontos para enfrentar os desafios da vida e suas proposições, que levarão a desafios diários, cada vez mais complexos, tendo como consequência um desenvolvimento e capacitação de depuração dos nosso problemas psíquicos, cada vez maior.