Palavra complexa e efêmera, que faz com que busquemos seu sentido na maior parte dos instantes vividos, não conseguindo bom resultado para defini-la, pois a mesma não possui definição, que satisfaça a todos em qualquer tempo.
Felicidade consiste num estado, ou numa consciência satisfeita e plena de bem estar, envolvendo situações, pessoas, momentos os mais variados, mas principalmente nosso estado interior, pensamentos, sentimentos e vontade de superação, seja em relação ao que for.
Ser feliz é viver um momento, sentindo plenamente o mesmo. É olhar ao redor, desfrutar do que conseguimos ver com a sutileza do que se apresenta, não só de uma paisagem, mas também de uma situação, enfim, qualquer coisa que nossos olhos conseguem ver e nosso coração pode sentir.
O sentimento de felicidade está ligado a um estado emocional, não raro, passageiro, mas que indubitavelmente voltará, pois estamos cercados de estímulos que incitam este bem estar que nos faz plenos, satisfeitos e o tempo todo buscamos por ele. Ora, se felicidade é um lugar de plenitude, bem estar e satisfação, porque ser feliz é tão difícil? Talvez, porque acreditamos que ser feliz deveria ser um estado constante e não é assim.
A felicidade se constitui de pequenos momentos, muitas vezes tão sutis que precisamos estar atentos para distingui-los, são fortuitos, passageiros, mas quando percebidos nos preenchem plenamente.
Quando estamos dentro de situações prazerosas, eventos, pessoas que queremos bem, a exemplo, do olhar de uma criança, seu sorriso, um doente que se restabelece, o próprio sucesso ou de outrem, enfim, uma gama de eventos que nos tornam felizes, será clara a felicidade. Mas e quando o infortúnio, a doença, a perda de alguém nos acomete, será que nestes momentos seremos felizes? Possivelmente, no significado integral do que estamos acostumados a pensar, sobre o tema, não atingiremos nosso intento.
Por outro lado, a gratidão pelo que estamos passando ou vivendo, vai complementar um estado interno seja ele qual for. Mesmo diante da dor, temos o que agradecer, muitas vezes, nos perguntamos, mas o que tenho a agradecer se estou sofrendo tanto? Porém, quando encontramos como resposta a grandiosidade da pequena palavra chamada VIDA e podemos enxergar estamos VIVOS é um consolo, uma completude.
Neste momento, talvez não estejamos felizes como a etimologia da palavra diz, mas plenos de força, vitalidade para viver e buscar, outra vez, momentos de prazer e felicidade.
A vida nos é ofertada como um bem precioso e devemos tratá-la como um caminho que nos oferece ensinamentos e nos traz a relíquia de ampliar o conhecimento e tantas outras oportunidades que ela nos proporciona, basta que estejamos atentos para buscar conhecimento sobre a vida e desta forma, quanto mais sabemos como viver, maior será o complexo aprendizado sobre nós mesmos. Não obstante, este é um processo que implica determinação para trazer luz ao que esteve até então encoberto em nossa psique, mas que certamente ajudará na conquista de sabermos quem somos.
O autoconhecimento, o transmutar dificuldades, a busca pela felicidade, ou mesmo respostas que nos aliviem, são ofertados em vários segmentos que ajudam a fazer com que nos sintamos melhores e que outra vez se possa querer ser feliz, acreditar nisto, é essencial para ter a convicção de que é possível trazer bem estar para nossas vidas.
No simples ato de uma respiração guiada e com a consciência do que estamos proporcionando ao organismo, melhoramos a saúde como um todo, pois estamos promovendo uma melhor concentração, diminuindo a ansiedade, a depressão, melhorando auto estima e a imagem corporal. Se nosso estado emocional vai bem, com certeza, mesmo em momentos árduos seremos amparados por uma paz interna
que não se explica, sentimos e ponto.
Por outro lado está a importância da forma como “PENSAMOS”, nossos pensamentos são construtores do nosso estado mental e emocional. Ao mesmo tempo em que eles nos ajudam a reagirmos diante de conflitos, não obstante, também são construtores de situações internas que nos limitam para buscar ações e respostas assertivas. Sobre a importância do pensamento já nos falava René Descartes, filosofo francês (PENSO, LOGO EXISTO),
O pensamento pode ser trabalhado dentro de um processo que nos leva ao conhecimento da forma como reagimos na vida com suas surpresas boas e más, ao mesmo tempo que buscamos novas estratégias e comportamentos frente a dor, sem deixar de salvaguardar os limites e a individualidade de cada um para aceitar as coisas como são, até porque, muitas vezes, a única coisa possível a fazer é ACEITAR para que a coragem se restabeleça junto com o consolo do bem estar.
Ainda sobre o pensamento, fortalecemos a ideia de que nunca estamos sem pensar algo. Durante a pratica da meditação, é comum acreditarmos que ficaremos sem pensar, sendo isto um engano, pois durante a meditação lá estará um turbilhão de pensamentos e para que se acalmem, o caminho poderá ser, agradecer mentalmente, a cada pensamento que nos invade e logo estaremos diante de outro. É um trabalho árduo, serenar e acalmar pensamentos para meditar. Ainda sobre a meditação, elas nos leva ao bem estar, a satisfação e a qualidade de vida.
Os pensamentos podem ser destrutivos e quando nos acostumamos a pensar de uma maneira que não constrói um cenário favorável ao bem estar, vamos nos comportar de forma destrutiva. Estes pensamentos nos invadem, com imagens negativas sobre pessoas, fatos, necessidades presentes ou até passadas e se não questionamos o modo como nos habituamos a pensar, somos jogados dentro de cenas catastróficas, ruins, nefastas e desfavorável ao bem estar pretendido, e o principal nesta questão é
que podemos fazer isto de forma quase inconsciente, isto é, quando vemos estamos dentro de uma situação que resulta num mal estar, num descontentamento que nem sabemos ao certo o que provocou o desconforto.
Nutrir pensamentos de ódio, raiva, medo, ciúmes ou rancor, cria condições emocionais que se alastrarão a outras pessoas, sem que tenhamos a consciência disto, será uma tendência, estender a elas a hostilidade que nos invade. Pessoas ressentidas são retraídas, amargas e vivem isoladas, apartadas de situações prazerosos e felizes. Via de regra, veem o mundo como não confiável, destroem a felicidade própria e muitas vezes de quem está ao seu redor.
É necessário aprender, treinar e educar os pensamentos, para interagirmos com nós mesmos e os outros, desenvolvendo estratégias comportamentais mais sadias, e tornando o autoconhecimento cada vez mais sofisticado. Desta forma proporcionando a interação com novas posturas e uma maior eficácia para lidar com o que provoca dor e leva ao sofrimento e por consequência nos distancia da felicidade.
Pessoas quando são felizes se tornam criativas, suportam melhor as frustrações diárias, pois sabem transformar uma situação desastrosa, em algo no mínimo suportável. Elas tem a habilidade para ajudar outras pessoas a buscar a felicidade e desenvolvem a capacidade de transformar o convívio social de forma geral, o que nos leva a pensar que a felicidade se baseia no modo como encaramos a VIDA e também no modo de perceber a situação que se apresenta no momento.
Em que pese, o que é a vida ou o que podemos entender do início da nossa vida. Ao nascermos, somos um serzinho indefeso, nosso primeiro contato com o mundo se faz através do olhar de uma mulher que nos oferece o seio com o leite morno que nos aquece e nutre e com isto o carinho através das suas ações. São nossas primeiras impressões acerca do afeto e da receptividade sobre bem estar e felicidade.
Muitas vezes esta primeira experiência não ocorre de forma satisfatória e vida afora, reproduzimos através dos sentimentos, pensamentos e ações este desencontro. Não aprendendo que a situação pode ter sido desastrosa, mas que ela nos trouxe a vida, nosso bem supremo, o direito a existir e por isto podemos estar plenos e gratos.
“GRATIDÃO A VIDA”.
Quando este aprendizado ocorre, fica fácil acolher o outro e a nós mesmos. Nossos pensamentos tornam-se aliados de ações que facilitam trazermos pessoas para o nosso convívio, pois aprendemos a estabelecer e manter vínculos, temos paz e sermos capazes para transformar realidades que estavam em desequilíbrio.
Quando nos desequilibramos emocionalmente a agressividade e tantos outros sentimentos nefastos, tomam conta das nossas vidas, paramos de pensar e bloqueamos a capacidade para fazer uso da inteligência, condição única para criar situações e contextos que nos tiram de situações conflituosas.
Por outro lado, quando nos dispomos a mergulhar no processo de mudança, nos dirigimos mentalmente para cenários, memórias que podem ter sido traumáticas e que vão nos pedir muita determinação e convicção, para facilitar a ação da mudança e do olhar sobre a dor e o infortúnio. Este processo exige atenção com nós mesmos, consciência plena do que estamos falando, sentindo e fazendo, nos mais variados momentos, sendo um esforço diário para atingir o resultado pretendido.
Toda vez que se aprende algo, no início vamos cometer erros e com isto, a necessidade de aprimorar o processo de aprendizagem, que nos leva a novas conclusões e ações. A vida nos oferece está possibilidade o tempo todo, pois até no leito de morte teremos a capacidade para aprendermos lições e efetuarmos mudanças, no sentimento e no comportamento. Não raro sabemos de relações entre pai e filho que se restabelece por ocasião da morte do pai.
Nos perdoarmos, nos acolhermos, são atitudes que aprimoram o crescimento, o sentimento e a tolerância com nós mesmos. O equívoco em qualquer ação, quando temos a consciência sobre eles, tornam-se instrumentos de mudanças que são graduais e podem extirpar processos mentais destrutivos, possibilitando um viver pleno e saudável.
É preciso motivação diária e disciplinada para mudar, acreditando que toda a ação implica em estarmos motivados para executar propósitos. A motivação quando forte e consciente nos alerta para os sentimentos que tiram o foco e desviam da eficácia das boas ações, estando estas, responsáveis em dirimir receios e preocupações.
Ainda gostaríamos de comentar sobre duas virtude humanas, que em muito podem colaborar com o sentimento de satisfação e felicidade. São elas o desenvolvimento da paciência e da tolerância, sendo a paciência vista como condição passiva e a eminencia de uma resignação diante do inexorável. Já a tolerância nos leva para a possibilidade da ação, ou seja, nos dá o poder da escolha que por sua vez nos trará alivio.
Quantas vezes em dilemas familiares, precisamos ser pacientes diante de situações que não dependem de nós, que estão ligadas a uma outra pessoa, que toma as suas decisões, e tudo o que podemos fazer, é sermos pacientes para esperar o desenrolar da situação com o desfecho cabível ao fato. Muitas vezes interferir nestas situações irão trazer respostas desastrosas ao convívio, fazendo a todos infelizes. Tomar a
escolha pela paciência vai tornar a vida diferente, pois traremos alegria, esperança e júbilo ao nosso existir, ao mesmo tempo que respeitaremos o poder de errar e acertar do outro.
Por outro lado, ser tolerante, implica em termos a condição da escolha, aceitando ou desistindo da situação vivida. Temos a alternativa e por consequência fazemos a distinção de não estarmos sendo passivos e sim optando, com assertividade pelo caminho que irá evitar experiências ou sofrimentos que poderiam ser calamitosos no futuro. O desfecho por esta decisão leva ao sentimento de poder sobre nós mesmos, o controle emocional necessário a qualquer ação boa e salutar. Desta forma gozamos da plenitude, totalidade e inteireza necessária a uma vida feliz em seus momentos.
Escrever sobre felicidade e exercermos pequenos momentos, onde podemos sentir o bem estar, demanda em muita observação, busca pelo processo de crescimento pessoal, paciência, mudança comportamental, tolerância, dentre outros.
Ainda para finalizamos, salientamos questões já citadas acima, mas que reforçam a ideia de alcançarmos, pelo menos, em determinados momentos a plenitude e a felicidade. Citamos como exemplos: a meditação, pensarmos antes de agir, ter gratidão pela vida, nos cuidarmos diariamente com a higiene mental ou física, nos amarmos a nós mesmos e aos outros, sorrirmos diante da adversidade, fazermos
trabalho de voluntariado, principalmente com crianças e idosos, tendo em mente que as crianças são o futuro e os idosos tem a sabedoria necessária para que nos sintamos plenos.
Sabemos que o caminho da felicidade e bem estar é um processo e que como tal demanda perseverança, determinação, coragem, motivação e uma vontade imbatível para a mudança. Ainda podemos buscar orientação em caminhos que nos conduzam a pratica do bem estar e um deles pode ser a ajuda psicológica com psicólogos, ou mesmo, tantas outras práticas que podem orientar e ensinar a construir uma vida saudável. Procure ser feliz, hoje, e muito grato. “GRATIDÃO SEMPRE”.
Neiva Alves Ribeiro
Psicóloga Clinica
CRP 07/05202
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